Nova vitória da (faminta) indústria do vestibular em Santa Maria
Por Roberto Flech
A UFSM não utilizará o Exame Nacional do Ensino Médio como critério para pontuação no vestibular 2011. A justificativa é que as notas no exame não foram divulgadas até 31/12 pelo INEP. Este fato singelo, no entanto, é um desdobramento de uma longa batalha de múltiplas facetas.
Em primeiro lugar, cabe dizer que o modelo de vestibular tradicional é uma aberração contraditória com qualquer prática de educação transformadora. Sua mudança é uma antiga luta do movimento educacional. Mas que poder está por trás dele, que mesmo o governo federal querendo, enfrenta fortes resistências para mudá-lo?
Em primeiro lugar, cabe dizer que o modelo de vestibular tradicional é uma aberração contraditória com qualquer prática de educação transformadora. Sua mudança é uma antiga luta do movimento educacional. Mas que poder está por trás dele, que mesmo o governo federal querendo, enfrenta fortes resistências para mudá-lo?
A indústria do vestibular na Boca do Monte movimenta milhões todos os anos. Estudantes de municípios e estados longínquos vem para cá, lotam “cursinhos”, pagam as taxas e prestam as provas. Escolas de toda a região giram em torno não de sua realidade, mas da UFSM. Impõem no currículo o conteúdo do PEIES, mesmo que apenas uma pequena parcela realmente chegue a uma universidade e 46% dos estudantes nem se quer concluem o nível médio. As contradições com a democratização e universalização da educação são gritantes. Impostas, em parte, por este poder paralelo.A reação desses setores em todo o país ao ENEM não poderia ser diferente. Aproveitando-se das falhas em 33 mil provas (uma pequena parcela do total), tentaram anular todo o processo, chegando até a ganhar em primeira instância na justiça.
Além disso, o PIG (Partido da Imprensa Golpista), embriagado pelas eleições, aproveitou para afirmar que existia mais uma crise no país. Do mesmo modo que serviu o ridículo “Movimento Cansei” para o suposto “caos aéreo”, ensaiaram a criação de um “novo movimento estudantil”, a partir de jovens ricos do Rio de Janeiro.
Vale lembrar que a empresa contratada para imprimir as provas do ENEM em 2009 pertencia à família Frias, dona do panfletário “A Folha de São Paulo”. O vazamento das provas naquele ano foi uma armação e os Frias não deixaram barato não vencer a licitação de mais de R$ 30 milhões de 2010.
Embora não conseguindo lograr êxito nas eleições e nem anular o ENEM, os defensores da mesmice tiveram suas vitórias. Dificultaram a aplicação do ENEM, causaram transtornos aos estudantes, desgastaram o governo federal e reitores, colocaram parcelas da população contra o Exame e, no caso da UFSM, tiveram como resultado a desconsideração do Exame Nacional.
Temos mais um exemplo do serviço negativo que prestam a sociedade, impondo sua vontade revestida de interesse geral.
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